quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

autotranslação: ela foi meu hospício & she was my asylum

ela foi meu hospício
sede e serenidade
ela foi alegria foi broto e flor e maldade
silêncio lacrado e carrêgo inclemente
ela foi o buraco na gente
a bala varando a varanda gelada
de neve
ela foi breve
mas foi tanto
que me espanta o espanto de estar por aqui
sabendo que um dia morri
e hoje canto

   

she was my asylum
my thirst and serenity
she was bliss and bud my flower and naughtiness
a pack of silence unmerciful burden'
she was our hollow
the bullet through cold balcony
snowed
she was brisk but
so intense
that I wonder about to be 'round here
knowing a day I've been dead
and now dance

[agradecimentos a josé juva, o vocalista dessa declamação,
e rachel bardy, minha revisora e assessora para assuntos ingleses]

sábado, 15 de fevereiro de 2014

estrella errante: Manuel Iris, o bufão de deus

Não te estou chamando, chama claríssima
porque não canto no tom certo a teu ouvido
e porque minhas palavras - as melhores-
viram cinzas ao roçar-te
e ainda que
pela verdade
pela distância
e a crueldade
de nossas duas naturezas eu saiba
que este poema jamais te encontrará
deito-o em tua pele,

entrego ao fogo.


No estoy llamándote, flama clarísima
porque no canto en tono necesario para tocar tu oído
y porque mis palabras—las mejores—
se calcinan al rozarte
y aunque sé
por la verdad
por la distancia
por lo cruel
de nuestras dos naturalezas
que este poema jamás va a llegar a ti
lo arrojo hacia tu piel,
lo doy al fuego.






[este o livro está disponível para download no blog de Manuel, o Bufón de Dios]

sábado, 8 de fevereiro de 2014

estrella errante: Samuel Hanagid Juan Gelman y Eu, (trans)Com/posiciones

Convite

daria a vida pela que
flauta y harpas despertaram
em meio à noite/
que me vira
com a taça em mãos/
y me dissera
"teu vinho está em minha boca"/
y a lua parecia um C
com tinta de ouro inscrita
nas paredes que tem a noite/


Invitación

daría mi vida por
la que arpas y flautas despertaran
en mitad de la noche/
y me viera
con la copa en la mano/
y dijera
"tu vino está en mi boca"/
y la luna parecia una C
con la tinta de oro escrita
en las paredes de la noche/